31/05/2024
Um amigo muito louco!
Quantos livros serão necessários ler para se adquirir o conhecimento supremo? Cem,duzentos, quem sabe um milhão de textos de diferentes títulos e assuntos. Mesmo assim, talvez, seja impossível adquirir todo conhecimento do mundo. Tenho um amigo que se autointitula “rato de biblioteca” pois vive pesquisando sobre diferentes títulos e assuntos. É “expert” em Oswald de Andrade, Camões, Fernando Pessoa e, entende, como ninguém de Einstein, entre outros. Física clássica ele não se liga muito não, mas física quântica é a sua praia. Sabe tudo sobre as diferentes dimensões que permeiam nosso mundo. Discute com altivez a mecânica das probabilidades e disseca um átomo num piscar de olhos. A formação do universo e as capacidades intrínsecas da mente humana estão na ponta da língua. Nunca vi igual. Agora com o surgimento da internet e as facilidades de se chegar a novos conhecimentos, meu amigo pirou de vez. Não,não é força de expressão. Pirou, pirando mesmo. Enlouqueceu. Começou questionando a vida, a própria existência. Pesquisou em todos os livros físicos e digitais e, quanto mais progredia nas pesquisas, mais descontrolado ficava. Tentou a meditação. Por uns tempos deu certo. Sua ansiedade pela busca de novos conhecimentos foi dando lugar a uma calma interior sem igual. Curioso pelo mecanismo que detonava essa calma, mais um vez arregaçou as mangas. O que representava toda essa calma? Como cheguei a ela?
Agora meu amigo queria ir além. Na verdade ir ao além. Não morto, mas vivo. Leu sobre a EQM. Sabe o que é isso? Não? Você anda lendo pouco. É a Experiência da Quase Morte. Muitas pessoas passaram por essa experiência. Elas contam que, após serem dadas como mortas, encontraram um enorme túnel e seguiram uma luz. Outros relatam que viram toda a sala cirúrgica onde se encontravam e até orientaram os médicos como resolver o enigma para trazê-la de volta à vida. Eis aí a solução para todos os problemas, pensou meu amigo. Na EQM a gente pode encontrar com velhos e falecidos amigos. Imagine que interessante poder falar com seus parentes, como avós ou com os pais. Conversar com Einstein, pessoalmente ou, melhor, espiritualmente. Sensacional. Então meu amigo quis morrer.
Antes disso, ele tentou várias técnicas como a chamada projeção astral. Leu pesquisas de Waldo Vieira e se encantou com a descrição de que todos nós saímos do corpo enquanto dormimos. Isso quer dizer que o sono, na verdade, é o transporte para uma viagem astral. Toda noite isso acontece. É o processo da consciência contínua que, segundo Vieira, será o futuro da humanidade. Ou seja, aos poucos todos nós, daqui sabe-se lá quantos anos, vamos viajar sem medo e sem passaporte para outros mundos, invadir outras dimensões e, quem sabe até, falar com Deus átomo a átomo. Isso é muito louco, não é?!
Pois então, ele enlouqueceu mesmo. Pelo menos é o que diziam as pessoas que com ele conversavam. Eu, sinceramente, nunca achei isso. Mas não posso revelar pra ninguém, caso contrário, farei companhia para meu amigo naquele quartinho que o prenderam. Ficou incomunicável. Ninguém pode conversar com ele. Recebe comida por uma janelinha, como se fosse um bicho. Mas, ele me disse que não se importa com isso. Revelou também que, ao contrário do que pensam, ele está mais livre agora. Contou-me, com entusiasmo, que as pessoas ainda não estão preparadas para saber a verdade. Elas acreditam desacreditando na existência do mundo espiritual. Lêem a Bíblia que está repleta de relatos de pessoas que mantiveram contatos com a outra dimensão. Conheceram, através da leitura, o rei da outra dimensão quando este mesmo rei disse a seus seguidores “Meu reino não é deste mundo”. Dizem ser seguidores deste mesmo rei que representa o filho do Pai Eterno, criador do céu e da terra e no entanto condenam os que se aproximaram dessa nova vida. Como ele me contou tudo isso, se estava incomunicável?! Nos encontramos numa dessas viagens astrais...mas não conta pra ninguém.
Donizete Romon é jornalista e palestrante
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