20/11/2023
Uma das poucas convicções que movem coletivamente o Baile Afrosamurai é a certeza de que não existiríamos sem a onipresente e rica história das populações negras do lado de cá e de lado de lá do Atlântico. Nos nossos primeiros sonhos a gente já queria muito reforçar e continuar refazendo esse legado tão importante através da dança e da música. É o que a gente ama fazer do fundo do coração. Num país que sempre foi de maioria negra (desde quando ainda nem se chamava Brasil), não é difícil de conceber que essas populações concentraram todos os seus esforços em tornar as artes e a cultura a sua casa. O dia de hoje é mais um em que, de certa forma e para além dos incontáveis problemas raciais, celebramos essa celebração que vem de muito longe. Amanhã a gente vai continuar na mesma toada. Depois de amanhã, também. E assim infinitamente. Afinal, como bem disse a brilhante Leda Maria Martins:
“Na ética das culturas negras a arte é um bem, uma oferenda e uma dádiva. O olhar e a voz dos antepassados asseguram sua existência, pois sua lembrança garante a produção da própria memória. Assim, enquanto os ancestrais de nós se lembrarem, nós ainda seremos”.