13/03/2023
Chamamos folar ao pão tradicional da Páscoa por excelência. Na sua base estão a água, o sal, os ovos e a farinha de trigo.
A origem do folar da Páscoa é tão antiga que não se consegue localizar no tempo, mas tem uma história a ela associada. Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, uma jovem chamada Mariana sonhava casar muito jovem e que, por isso, rezava dia e noite a santa Catarina. A santa, ouvindo as suas preces, pôs no seu caminho dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos cheios de qualidades. Mariana não sabia qual deles escolher e, por isso, rezou a santa Catarina novamente, em busca de respostas.
Ambos os rapazes deram a Mariana alguns dias para pensar, sendo a data limite o Domingo de Ramos. Chegado o dia da decisão, os dois pretendentes cruzaram-se a caminho de casa da jovem Mariana e acabaram por lutar violentamente um com o outro. Avisada sobre este confronto por uma vizinha, Mariana correu até ele e gritou pelo nome do lavrador pobre, Amaro, a quem se declarou; o fidalgo rico, de orgulho ferido, prometeu vingança.
Na véspera do domingo de Páscoa, Mariana, atormentada com a ideia que o fidalgo apareceria no dia do seu casamento para matar Amaro, rezou incessantemente a santa Catarina, ofereceu-lhe flores e a imagem da santa acabou por lhe sorrir. No dia seguinte, apareceu misteriosamente em casa de Mariana um grande bolo com ovos inteiros, rodeado das flores que Mariana havia oferecido à sua Santa. Confusa, Mariana foi a casa de Amaro contar-lhe o que havia acontecido, mas foi surpreendida: Amaro tinha recebido o mesmo bolo. Pensando ter sido uma oferta do fidalgo arrependido, o casal foi a casa do pretendente de Mariana para lhe agradecer o gesto, mas ele também tinha recebido o tal bolo invulgar. Mariana concluiu que havia sido obra de santa Catarina, para pôr fim à desavença. E foi assim que o folar ficou para sempre associado à amizade e à reconciliação.
Conhecido antigamente como “folore”, o folar da Páscoa é uma tradição viva portuguesa.