22/11/2023
Quem vive de Propósito nunca pode morrer, vive nos corações de quem f**a.
Não há muito que se possa dizer quando um mestre parte, e que honra ter sido sua aluna…
Ensinou-me que o Teatro é mais vida que a própria Vida, e que a Vida é mais teatro que o próprio Teatro.
E Teatro é presença, respiração, voz, ritmo, mas fundamentalmente amor - sermos capazes de uma entrega total, ouvir o outro e Ser, sem importar nada mais.
De olhar doce e trocista, lembro que era implacável a dirigir e um coração mole com muito humor a ensinar.
Fazia questão de perguntar aos alunos se estavam bem, se precisavam de falar ou se tinham dinheiro para comer e se alguém se acusava, discretamente era o primeiro a ajudar.
“L’Enfant Terrible” era o que lhe chamavam os jornais no início da carreira.
Eu admirei-o muito por nunca ter deixado de o ser: um miúdo terrível.
Terrível porque estava cheio de sonhos e ideias e objectivos e desafiava tudo o que era suposto. Desafiou a ditadura, desafiou as normas, desafiou as ideias, desafiou o público, o status quo, as regras, a memória, as relações, as expectativas, o conforto, os alunos, as emoções, as direcções e acima de tudo ele próprio.
Terrível. Um miúdo que o Tempo não conseguiu envelhecer.
Foi único e incrível por isso.
“Boa noite, doce princípe. Que revoadas de anjos te guiem ao teu repouso.”
Gratidão Mestre, por tudo 🤍
Saibamos todos ser assim, terríveis. 🤍