“A partir da segunda quinzena de agosto, Lamego não pára mais! São as celebrações religiosas! São as festas! São os bombos! São os arraiais! ” *adaptação de música de autoria de José António Teixeira
A secular tradição das Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios - “A Romaria de Portugal”, são o expoente máximo das Festas e Romarias em Portugal.
As tradicionais festas em honra da padroeira da cidade de Lamego remontam ao século XIV, mais concretamente ao ano de 1361, quando o então Bispo de Lamego, D. Durão, instituiu o culto a Santo Estêvão, de quem era particular devoto.
No alto do Monte dos Fragões, hoje Monte de Santo Estêvão, nome que lhe ficou exatamente pela fundação da ermida, foi edificada por este Bispo uma capela em honra desse santo mártir da cristandade. Esta localização permitia ao ilustre prelado avistá-la do seu paço Episcopal, edifício que é atualmente ocupado pelo Museu.
Nessa época, o Cabido da Sé, os Raçoeiros de Almacave e os Frades do Convento de S. Francisco iam em procissão duas vezes ao ano a Sto. Estêvão: uma em Maio, no dia da Santa Cruz e outra a 3 de Agosto, dia de Santo Estêvão, tal como havia ficado previamente acordado com D. Durão.
As romagens assim continuaram até 1564, quando o bispo construtor, D. Manuel de Noronha, mandou edificar uma nova capela, situada algures onde se encontra hoje a sacristia do atual Santuário, demolindo aquela edificada por D. Durão que ameaçava ruir.
Com a edificação desta nova capela surge a evocação e o culto a N. S. dos Remédios, imagem que o mesmo Bispo terá mandado vir de Roma a expensas suas.
Com o andar dos tempos o culto a N. S. dos Remédios tornou-se mais evidente, pois era esse o sentimento popular, que gradualmente foi substituindo as antigas romagens ao Santo Protomártir. Em 1711 Frei Agostinho de Santa Maria que editara a obra “Santuário Mariano …” dá-nos conta desse facto ao referir: “a Senhora com as suas maravilhas e grandes milagres, fez que já hoje se não nomeie aquela casa com o título de Protomártir Estevão, senão pela casa da Senhora dos Remédios”. As romagens em honra de Santo Estêvão ainda se mantiveram até aos anos 40/50, altura em que definitivamente se extinguia o culto a este santo mártir.
A 14 de Fevereiro de 1750 é lançada a primeira pedra para a edificação do Santuário de N. S. dos Remédios.
Da eleição de 4 de Agosto de 1748 resultava uma nova Mesa da Irmandade, e à sua cabeça estava o então mentor deste novo projeto, o cónego terceário José Pinto Teixeira. Tinha como incumbência a fundação dum projeto arrojado e de grande magnitude, mas que de certa forma correspondia já às necessidades da época, pois o culto à N. S. dos Remédios era já enorme e de grande fama, não só em Lamego, como na região e mesmo em Portugal.
Deste projeto pouco ou nada se sabe, pois terá ardido, segundo consta pela boca do povo, num incêndio ocorrido em casa do Visconde de Guedes Teixeira, que era o Juiz da Irmandade. Não sendo cabalmente verdade, pois não existem provas, diz-se que o provável autor do projeto terá sido o famoso arquiteto italiano Nicolau Nasoni. É certo que Nasoni esteve em Lamego em diversas épocas e que existem trabalhos seus na Catedral da Sé e sabe-se que a Fonte do largo do adro do Santuário é da sua autoria, pois existem pagamentos que lhe foram feitos por essa obra.
No dia 22 de Julho de 1761 é dada por concluída a capela e é nesta altura que as romagens e as festividades em honra da padroeira da cidade de Lamego conhecem um novo fôlego.