13/12/2020
Uma enfermeira me puxou de canto e disse que eu precisava visitar o quarto de um menino em especial, fazia tempo que ele estava internado e precisava brincar.
Luiz tinha 6 anos, e estava fazendo tratamento contra leucemia.
Eu preciso confessar, quando entrei no quarto e o olhei nos olhos, não consegui continuar. Dei um passo para trás e deixei outro palhaço realizar o trabalho.
Troquei a roupa de palhaço e fui chorando para casa. A cena daquele menino carequinha quebrou meu coração.
Passei a semana mal pensando nele, pensando em como a vida era injusta.
Na semana seguinte voltamos ao Hospital e fiz questão de ir direto no quarto do Luiz.
Entrei no quarto, ele e a mãe dele ficaram me olhando com um olhar curioso, e eu disse:
-Finalmente te encontrei, meu arqui-inimigo!
Ai eu fiz duas espadas de bexiga, dei uma para ele e começamos um super duelo! Ele batia na minha cabeça, eu fingia que aquilo tinha o peso de um martelo, e ele caia na gargalhada.
Durante o duelo, a mãe dele nos observava com um sorriso. O celular dela tocou, ela atendeu e disse:
- Oi amor, o Luiz está bem, está brincando de espada com o palhaço. Você precisa ver como ele tá empenhado nessa luta!
Quando ela disse isso eu me lembrei do que a enfermeira havia me pedido no corredor, que o Luiz precisava BRINCAR!
Brincar era minha missão, minha função. Na semana anterior eu não havia conseguido realizar meu trabalho porque tinha perdido o foco do meu propósito.
Quando fiquei apenas reclamando da possível injustiça da vida, não fiz o que tinha que fazer. Só resmunguei, não brinquei com o Luiz. Mas quando tive clareza da minha missão, que era brincar com ele, consegui levar 20 minutos de risada para um menino que estava internado há semanas.
O amor tem o poder de transformar o mundo todo, mesmo que seja o mundo todo de uma só pessoa.
Foco na missão.