28/08/2022
Tome seu tempo. Respire e inspire devagar
e profundamente. Desconecte-se da rapidez e das
cobranças desse mundo insano. Olhe para dentro. Pegue o
fôlego necessário. Saia do raso. Não se preocupe. Você
saberá nadar.
Mergulhe o quanto quiser e pelo tempo que achar
necessário. Observe o silêncio, escute seus pensamentos.
Perceba quão extraordinário é se permitir estar imersa nessa
nova realidade.
Tem poesia na boquinha banguela e no barulho do seu
recém-nascido deglutindo o leite. Tem poesia na
necessidade dele pelo seu colo e na sua entrega. Tem beleza
na sua fragilidade e na do seu bebê juntas e misturadas. Tem
mágica na força que vem do seu coração e no melhor cheiro
do mundo, o daquele minicangote.
Vá para a frente do espelho. Olhe bem no fundo dos seus
olhos. Observe com atenção. Veja quanta beleza existe em
você. Agradeça o seu corpo pelo milagre que agora você
pode carregar nos braços.
Não tenha vergonha dos seus sentimentos, querida. Não se
sinta mal por nenhum deles. Nenhum, ouviu? Fale a respeito
Não deixe que eles te afoguem. Chore e sorria quando tiver
vontade. Abrace a sua humanidade.
Receba visitas, mas só se tiver vontade. Aceite ajuda. Alivie a
sua carga sem peso na consciência.
Solta. Continue a mergulhar.
Estar submersa, ao contrário do que pode parecer, é leve e
maravilhoso. Especialmente se você não se cobrar, se aceitar
o seu tempo, se viver a verdade desse momento.
Então, quando chegar a hora (você vai saber!), volte para a
superfície. Posso te garantir que, por lá, nada terá mudado.
Agora você, ah, você estará linda, forte.
Ressignificada por completo.
Text:
Texto retirado do livro Mãe recém-nascida