15/02/2020
--------------------------MANIFESTO 13 DE MARÇO------------------------------
A nossa casa está a arder. Temos uma década para reverter todo um século, mas continuamos longe de conseguir cumprir as metas europeias e internacionais, já de si insuficientes, para a neutralidade carbónica. Em Portugal, ainda nem foi declarado o estado de emergência climática, crucial para o reconhecimento de que estamos, efetivamente, numa situação extraordinária. Apesar de todas as promessas durante a campanha eleitoral, o governo continua a não fazer do combate às alterações climáticas uma prioridade real.
O Orçamento de Estado é um dos exemplos mais recentes disso mesmo, demonstrando uma insuficiência grave no compromisso de atingir as metas para a neutralidade carbónica. O investimento previsto para a mobilidade é particularmente preocupante, uma vez que se centra maioritariamente em estradas, deixando de lado o reforço dos transportes públicos rodoviários fora dos grandes centros urbanos, bem como a necessária expansão da rede ferroviária. Já no que toca às florestas, ainda não se não prioriza o desenvolvimento sustentável e o governo só prevê a remodelação para um novo tipo de floresta se a existente for considerada economicamente inviável.
Além disso, o governo continua a insistir em aprovar grandes projetos que configuram autênticos crimes ambientais, tanto pelos impactos negativos que têm nos ecossistemas e qualidade de vida das populações, como pela contribuição direta ou indireta para um elevado aumento das emissões de gases de efeito de estufa. Referimo-nos à construção do aeroporto do Montijo e às dragagens do Sado, mas também à prospeção de gás e à exploração de lítio, que anulam a possibilidade de Portugal respeitar a sua meta de redução de emissões.
Assim, tanto para o nosso governo como para as grandes empresas, o lucro continua a sobrepôr-se ao nosso futuro. Perante isto, não podemos ficar de braços cruzados. Como ativistas temos provado, por todo o mundo, que nunca se é demasiado jovem para fazer a diferença, por mais que tentem descredibilizar-nos. Todos juntos, conseguimos trazer para o debate público a necessidade de mudar. Agora, é preciso passar da retórica à prática.
No dia 13 de março, abdicamos de um dia de aulas pelo nosso futuro. Fazemos greve pelo fim dos grandes projetos que contribuirão para aprofundar a crise climática, exigindo que todo esse investimento seja redirecionado para uma transição energética justa, a reflorestação massiva e ordenada do território e o alargamento da rede de transportes públicos. Mas só unidos conseguiremos construir uma alternativa justa e, por isso, apelamos a que todos os sindicatos, coletivos, organizações e cidadãos em geral se juntem a esta mobilização. Nós somos aqueles de quem estávamos à espera.