12/06/2020
Ainda não se falava em pandemia.
Ainda não tinhamos nenhum caso de covid no Brasil. Nesse dia comemorávamos o dia da poesia. Era motivo de felicidade e de festejar. De juntarmos rima e vida e recitar. Nesse dia eu anunciei que abandonaria a presidência do grupo Celebra Poesia. Grupo que eu tinha fundado em Assu, Terra da Poesia. E iria para o teatro, apenas para prestigiar o grupo. Mas na manhã desse exato dia algo mais forte soou em mim. E montei do nada, em algumas horas essa performance. E foi com essas que eu a conclui. "Foi só depois que o mundo adoeceu. Que o homem se lembrou o que era paz".
E essa frase. Assim como toda a poesia se torna real nos dias atuais que vivemos. O mundo adoeceu. E o homem se lembrou o que era paz. Se lembrar, não quer dizer que ele a tenha. Mas torna claro a possibilidade de resgate. Nesse dia, vi assuenses entusiasmados com uma apresentação tão exótica no dia da poesia onde se é mais tradicional a poesia matuta. Vi crianças acharem fantástico o "herói mascarado" lutar. Vi a elite da cidade se agraciar com o refinado gosto da arte. E me sintonizei com o olhar de pessoas mais humildes. No final, muita gente não entendeu muita coisa e da real mensagem de toda a apresentação. Mas se essa performance fosse apresentada hoje. Será que as pessoas entenderiam a real mensagem?
Mas essa não é a pergunta que eu me faço. A pergunta que eu me faço é: Por que naquele dia, quando eu iria somente assistir os poetas receitarem, do nada eu fiz tudo isso e resolvi encarar o palco pela primeira vez? E então. Meses depois, o pior pesadelo do mundo estourou. O Covid-19 parou o mundo. Seria mais uma coincidência? Seria algo mais?
Eu prefiro dizer. Que foi O POESIA.
Talles Breno C. Barbosa