27/10/2020
Poesia declamada por Marta Goes, na belíssima apresentação do Auto do Círio, na nossa Igreja Jesus Ressuscitado.
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Foi há muito tempo
mas ainda hoje
na memória permanece
A história,
da vitória do milagre
do caboclo de Belém do Pará
Que em certa manhã ensolarada
(como são ensolaradas as manhãs do Norte)
ao caminhar à margem
de um igarapé,
Plácido José de Souza
vê transformada a sua sorte
e renovada a sua fé...
Ali, entre as pedras
uma imagem que reluz
Lá, repousa, magníf**a,
a virgem Santa...mãe de Jesus
E ele, pela surpresa emudecido
decide levá-la consigo
E um modesto altar lhe prepara
Toalha humilde,
sobre humilde mesa...
Vela acesa, e prece...
À noite,
a pobre cabana adormece..
Eis que no dia seguinte,
percebe, atordoado,
que havia sumido a pequena imagem
Pensativo,
ele se pergunta:
Teria sido um sonho, uma miragem?
Naquele momento,
o gosto ácido da dúvida
percorria-lhe a alma
Depois,
restaurada a calma de caboclo,
o jovem Plácido
retorna ao pequeno rio
E lá, de novo,
reluzente entre as pedras,
a mesma cena
Como da primeira vez que ele a viu...
Feliz,
ele a leva de volta
à sua morada humilde e pequena
Onde outra noite se passa
E amanhece outro dia de mistério
-A imagem da Virgem
havia novamente retornado
ao seu lugar de origem!
E conta-se
que depois de muitas idas e vindas
Nem a Guarda do Governo
nem a sentinela vigilante
conseguiu explicar
Como a pequena imagem sumia
e reaparecia sempre no mesmo lugar...?
Convencido que estava
pela dádiva da missão recebida,
Plácido constrói para Ela
uma pequena ermida...
E foi assim,
Na saga do milagre,
da simplicidade
A cidade crescia
ao redor da história,
que inalterada insistia...
E hoje,
no lugar da primitiva capela
Surge, majestosa,
a esplêndida Basílica
Oferecida em louvor
pelas muitas graças alcançadas
E no Círio nosso de todo dia,
Muita lágrima derramada,
sangue, suor e fé...
Firmes prosseguimos na caminhada
Por amor, a Ela
a nossa Mãe e padroeira,
Nossa Senhora de Nazaré.
(A HISTÓRIA DE PLÁCIDO - Heraldo Goez)