19/10/2012
Review de Quadrinhos!
Quando me ofereci para contribuir escrevendo para esta página, logo pensei por qual quadrinho começar. Dei uma olhada em minha estante e em poucos segundos percebi que deveria iniciar falando da primeira revista que me mostrou que existia algo além dos quadrinhos de super-heróis, mega sagas, personagens ruins (alguém escutou DEADPOOL??) e Rob Liefield. Éssa revista é CAMELOT 3000.
Publicada de 1982 a 1985 pela DC Comics, como parte de um mercado diferenciado e adulto, podendo ser considerada como uma precursora da VERTIGO, por suas histórias sem ligação nenhuma com os personagens da editora. A obra foi roteirizada por Mike W. Barr (Batman – Filho do Demônio) e ilustrada pelo magnífico Brian Bolland (Batman - A Piada Mortal).
Baseada em uma lenda, que diz “no momento em que a Inglaterra mais precisasse dele, o Rei Arthur ressurgiria do mundo dos mortos, junto com seus cavaleiros da távola redonda para comandar mais uma vez sua nação à vitória.” CAMELOT 3000 se passa e um futuro apocalíptico, onde a terra está sendo invadida por seres extraterrestres. É nesse contexto que um jovem chamado Tom Prentice, que perdera os pais durante a invasão, acidentalmente encontra a tumba de Arthur e o desperta de seus anos de descanso. Assim eles partem para Stonehenge e com a ajuda de Merlin revivem os outros cavaleiros.
As velhas historias também retornam, o triângulo amoroso entre Arthur, Guinevere e Lancelot, e a eterna inveja da perversa Morgana Le Fay (principal vilã da história) e a paixão de Tristão e Isolda são bons exemplos. O roteiro é extremamente competente, mostrando temas polêmicos (mamilos?) como: Lesbianismo, Adultério, corrupção, transexualidade, ocultismo, disputas políticas e etc.
O Tratamento dado aos personagens é INCRIVEL, cada um tem a sua a razão de existir e sua própria sub-trama. Tristão por exemplo, reencarna em um corpo feminino, que correndo o risco de não ser aceito por seu grande amor (Isolda) é forçado a tomar grandes decisões.
Já a arte da revista é Hors concours, seu desenho é lindo, recheados por expressões faciais perfeitas e uma narrativa gráf**a renovadora, criadas em uma época onde não se desenhava por computadores.
Camelot 3000 e seus criadores não possuem o reconhecimento merecido, ela chegou a ser indicada ao Kirby Awards (não existia prêmio Eisner em 1985), mas não ganhou, pois concorreu com a também excelente - Crise nas Infinitas Terras.
Infelizmente, esta revista encontra-se esgotada por aqui, o encadernado de luxo lançado pela Panini em 2010, chega a custar 200 reais no Mercado Livre (o povo mercenário de lá hein?), mas sem sombra de dúvida é um grande clássico dos anos 80 que deve lido, relido e guardado com muito carinho.
NOTA: 10
Ps: Uma dica , Camelot 3000 já foi publicada 4 vezes aqui no Brasil. As duas primeiras publicações, ainda em formatinho pela editora Abril, são recheadas de cortes e censuras.
Em 2005 a editora Mythos Publicou a historia em formato americano e sem cortes, mas tinha um acabamento gráfico não muito bom, além do preço salgado para época. Já em 2010 a Panini republicou a revista em edição de luxo (capa dura, papel couche e extras inéditos) se você tiver a sorte de encontrar qualquer dessas edições por um preço bom, não pense duas vezes... Compre e divirta-se, pois vai ser IMPOSSÍVEL parar de ler.
Escrito por: Guy Gardner