02/11/2022
O que vem depois? Emancipação Psicológica
Há alguns anos me interesso pelo estudo dos estados psicológicos que acomete pessoas que aderem a sistemas doutrinários de religiões, seitas, cultos e ideologias. Me debrucei sobre diversos artigos acadêmicos e livros interessantíssimos que abordam esse fenômeno sob a perspectiva da psicanálise, psicologia, sociologia e filosofia.
A experiência de uma pessoa que adere a um sistema doutrinário é plena em ambivalências que as fazem oscilar entre estados de profundo prazer, êxtase religioso, sentimento de pertencimento a um grupo, sensação de um sentido para a vida, conforto, esperança e fé, mesclados simultaneamente por sentimentos de medo, pensamentos paranóicos, angústias de retaliação e exclusão, culpa, depressão, agressividade e até o desespero.
A própria oscilação entre estes sentimentos ambivalentes, reforça de alguma forma a permanência dentro do sistema doutrinário em questão, uma vez que a mesma fonte que, com uma mão produz a culpa, com a outra, oferece o perdão e a propiciação. O mesmo grupo que produz o medo paranóico de um inimigo imaginário, oferece também o acolhimento e a proteção da comunidade espiritual ou ideológica.
Se para a pessoa, tal experiência é angustiante, para os familiares, colegas de trabalho e amigos, também o é. Atravessar esse oceano de confusões, que pode beirar estados psicóticos de ruptura com a realidade consensual, é uma tarefa árdua. Com o intento de dar suporte a ambas as partes, iniciei há alguns anos a compilação de um “guia” de suporte a pessoas em emancipação psicológica de religiões, seitas, cultos e ideologias. O material está disponível no site: Dogma Free Project - Projeto Livre de Dogmas, e pode ser acessado no link a seguir, que, em uma estrutura de perguntas e respostas, disponibiliza um compilado de citações de estudiosos, acrescida de uma sessão de artigos, sites e indicações de filmes e documentários, destinados a produzir reflexão.
https://sites.google.com/view/dogma-free-project/ (disponível tbm na minha Bio)
Desejo que, de alguma forma, este material possa auxiliar vítimas e familiares na travessia das angústias produzidas por essas experiências.