15/10/2023
| Coluna Carla Baker - A DIVERSIDADE LGBTQIAP+
O reconhecimento político e social de diversas identidades de gênero garante o respeito à dignidade humana, à intimidade, à liberdade e à cidadania. É impossível existir dignidade humana quando uma parcela da população está sujeita a preconceitos, por não ter suas identidades e expressões respeitadas, e, como consequência, é marginalizada.
O não reconhecimento dessas pessoas dificulta o acesso a direitos básicos, como saúde, educação e trabalho, e dá margem a violências constantes.
Mas quem são todas essas pessoas representadas pelas siglas LGBTQIAP+? Bom, antes que o movimento LGBTQIAP+ ganhasse a força que ele tem hoje, a sociedade utilizava diversas palavras ofensivas para se referir a qualquer pessoa que transgredisse às normas cisgênero e hetero, exemplos como “invertidos”, “Subversivos”, “bichas”, “sapatão”, “traveco” entre outras dentre as quais, algumas se tornaram palavras de orgulho, subvertendo seu significado inicial, como é o caso de “Bicha”, ou no inglês: “Fag”ou “Q***r” que significava estranho e passou a representar todas as pessoas “estranhas” à lógica binária de gênero; enquanto outras, são consideradas extremamente ofensivas que deveriam ser excluídas do nosso vocabulário, como por exemplo “Traveco” entre outras maneiras violentas e preconceituosas de se referir às pessoas Trans e Travestis.
Lésbicas
A primeira sigla se refere às mulheres homoss*xuais, o termo remete à grécia antiga. a Ilha de Le**os era conhecida por sua predominância das mulheres, a mais famosa entre elas, a poetisa Safo que retratava o amor entre mulheres. em 2008, a Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT) alterou a sigla para LGBT, a fim de promover maior visibilidade às lésbicas no movimento e também de padronizar o nome do protesto com os de outros países, adotando o nome Parada do Orgulho LGBT.
G**s
Embora o termo possa ser usado para se referir a todos os homoss*xuais independente do gênero, convencionou-se com o tempo para se referirem aos homoss*xuais masculinos
Biss*xuais
Enquanto que heteross*xual sente atração pelo gênero oposto e homoss*xual sente atração pelo mesmo gênero, Biss*xuais são pessoas que se sentem atraídas por ambos os s**os, podendo estar numa relação hetero, homo ou poliamorista. Importante ressaltar que só é possível considerar Bi*****al dentro de uma lógica binária em que a pessoa se identifica como um gênero e sente atração pelo gênero feminino ou masculino.
Trans e Travestis
A Sigla T abrange todas as pessoas que não se encontram em conformidade com a norma do s**o biológico XX e XY com as expressões de gênero masculino e feminino, podendo se identificar com um gênero diferente do s**o biológico, ambos ao mesmo tempo ou nenhum. Esse grupo enfrenta duros preconceitos da sociedade em geral no mundo todo, as Travestis compõe um gênero bastante específico no Brasil, uma vez que podem estar além do que é ser uma mulher ou um homem, mas sim um terceiro s**o. Devido à diversas violências, ameaças, abandono familiar e ausência de oportunidades no mercado de trabalho, muitas são empurradas à marginalidade e recebendo um estigma negativo da sociedade, nossa maior luta hoje dentro do movimento é buscar novas realidades a essas pessoas.
Q***r
Como mencionamos antes, assim como o termo “Travesti”, a palavra Q***r surge de uma subversão do movimento LGBTQIAP+ diante de uma palavra antes ofensiva que agora toma pra si um significado de orgulho e resistência. Em tradução literal, “estranho” ou o equivalente no português do Brasil “Bixa”, o termo Q***r é usado para definir todas as expressões de gênero que fogem da cisnormatividade
Inters**o
A Sigla I se refere às pessoas inters**o que apresentam uma configurações biológicas além do XXe XY, que embora nos pareça incomun, não é rara, visto que não existe apenas esses dois tipos na natureza e não seria diferente nos seres humanos. O que acontece é que muitas vezes um dos s**os é escolhido e as outras características são amputadas ou escondidas numa tentativa de enquadrar numa catalogação binária. Os Jogos Olímpicos há muito tempo encontram dificuldades em definir exatamente quem deve competir nos jogos masculinos ou femininos, devido à enorme diversidade de características que nossos corpos podem apresentar, principalmente nas pessoas Inters**o.
Ass*xuais
Os Ass*xuais são pessoas que não se sentem pressionados a estabelecer uma relação s*xual com outra pessoa, mas não é necessariamente uma regra. Cada pessoa é única e estabelece o nível de intimidade para outras pessoas sobre seu corpo, podendo se relacionar afetuosamente ou não, com s**o ou não.
Panss*xuais
Assim como os biss*xuais, os panss*xuais podem sentir atração por não apenas ambos masculino e femino mas todos os outros, uma vez que nem o panss*xual se considera numa lógica binária, como também não apresenta uma preferência de gênero definida como no caso dos biss*xuais.
+
Por fim, acrescenta-se o símbolo de + (mais) para englobar todas os outros possíveis situações de gênero e s*xualidade que possam surgir, para muitos essa multiplicidade de subgrupos pode parecer confuso, mas estamos vivendo exatamente um momento de descobertas e aberturas para novas possibilidades de nos compreender e se relacionar com o outro, se numa utopia essas questões forem superadas fazendo desnecessárias essas classificações, no momento de agora é importante para que cada pessoa LGBTQIAP+ entenda que não está sozinha e não há nada de errado em ser quem ela é.
Ainda que diversos avanços fossem registrados desde que a OMS decidiu excluir a homoss*xualidade da classificação como doença, o ativismo pelos direitos LGBTQIAP+ deve se manter constante. Uma recente tentativa de retirada de direitos está materializada no PL 504, proposto em 2020 pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que visa proibir propagandas que abordem temas relacionados a gênero e s*xualidade, classificando-os como “práticas danosas” e “influência inadequada para crianças”. Essa proposta tem influenciado iniciativas semelhantes em assembleias legislativas de outros estados, como as do Espírito Santo, Ceará e Pernambuco.
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Redação: Colunista Dra. Carla Baker