Atuante há 20 Anos em Itapipoca e litoral oeste do Ceará, a Cia Balé Baião vem desenvolvendo um trabalho pioneiro de pesquisa, criação, produção de dança...
Sua trajetória inicia em 1994, integrando jovens dançarinos dos bairros periféricos da cidade de Itapipoca. A partir do contato com grupos, bailarinos, atores e coreógrafos de Fortaleza e de outros estados brasileiros, iniciou-se o interesse
em conhecer e aprofundar a dança contemporânea. Nascia a Cia Balé Baião (Balé – Expressão de origem européia: bailado; Baião – Fusão de possibilidades infinitas, ingredientes diversos que farão um “baião temperado”, feijão e arroz, misturas ou miscigenação. Formada por bailarinos-intérpretes-criadores, o Balé Baião apresenta um leque diversificado de atividades de cunho artístico e sócio-educativo que contemplam ações permanentes na cidade, localidades, cidades vizinhas e estado. Atualmente a Cia é núcleo da entidade jurídica sem fins lucrativos chamada ASSOCIAÇÃO DE ARTES CÊNICAS DE ITAPIPOCA - AARTI, que tem como focos:
Promover o desenvolvimento e difusão da dança nas suas diversas linguagens;
Proporcionar aos seus associados e a comunidade assistida programas de capacitação, pesquisa, produção e difusão em artes cênicas nas suas diversas vertentes:
Estimular o intercâmbio com artistas e/ou grupos atuantes no estado do Ceará, Brasil e Mundo;
Criar, assessorar, apoiar e/ou promover mostras, festivais, encontros, oficinas, cursos, residências e fóruns de dança de âmbito local, estadual e nacional, em parceria com entidades, ONGs e empresas afins;
Em 2011 o Balé Baião, núcleo atuante da AARTI tornou-se o Ponto de Cultura Galpão da Cena, via II Edital de Pontos de Cultura do Governo do Estado do Ceará da Secretaria de Cultura do estado do Ceará (SECULT)...
Com a entrada de Gerson Moreno no Colégio de Dança do Ceará (Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura) em 2000, solidificou-se a possibilidade de se pensar uma dança com personalidade própria, nutrida de pesquisas coletivas desenvolvidas no litoral oeste do ceará, na cidade de Itapipoca. Desde então, foram muitos os laboratórios de criação e consequentemente os espetáculos produzidos e apresentados pela Cia Balé Baião, tanto no interior cearense como na capital, atingindo sobretudo, o público que não têm acesso a dança contemporânea. O ponto alto das aparições da Cia se deu com a Bienal Internacional de Dança do Ceará, que desde sua primeira edição em 1997 absorve o interior cearense oferecendo oficinas, debates e mostras alternativas para coreógrafos e bailarinos Cias independentes. Em 2007 o Balé Baião foi selecionado para apresentar-se na programação oficial da bienal com o espetáculo “Advento do Ser, metáforas da inquietude” e em 2009 com o espetáculo “Sólidos”, que também, a convite da bienal, apresentou-se em Cabo Verde – África, na cidade de Praia, dentro da programação oficial de apresentações de espetáculos do Conexão Cabo Verde. Dirigida por Gerson Moreno, a Cia Balé Baião apresenta em seu repertório espetáculos montados em processos colaborativos. A estética e dramaturgia dos trabalhos coreográficos do Balé Baião nascem de questões contemporâneas que em consenso interessam discutir, de experimentos constantes de improvisação corporal em solo e grupo a partir de jogos desenvolvidos pelo Balé Baião e de residências/ intercâmbios com artistas/ coreógrafos convidados. ..
Núcleos de extensão:
OS OPERÁRIOS-DANÇARINOS
O núcleo de Operários-dançarinos da Empresa DASS é um projeto da Cia Balé Baião que integra funcionários-colaboradores da empresa de calçados DASS, filial de Itapipoca, em torno de vivências em dança contemporânea tendo como foco a emancipação do “corpo comum” via prática de criação individual e coletiva. O núcleo de Operários-dançarinos também circula com espetáculos na cidade, região e capital desde 2008 com performances para locais abertos. Em sua trajetória já se apresentou no SESC Iracema com o espetáculo “Maquinaria” dirigido por Gerson Moreno, na Mostra de Artes Cênicas “Intenções” de Itapipoca com o mesmo trabalho, no Festival de Dança do Litoral Oeste com o “Tá na Hora” dirigido por Edileusa Inácio e no Teatro José de Alencar com o “Dizeres Operários” na culminância da residência de Gerson Moreno. Corpos de trabalhadores comuns, operários das repetidas ações funcionais, homens e mulheres de fibra, conhecedores de “dores” e “prazeres” que marcaram mãos e pés com sinais que o tempo e a lembrança não apagam: dança-dores da sobre-vida! Corpos dançantes residentes no interior do estado do Ceará, Litoral Oeste, Itapipoca (Do Tupi-guarani: pedra que estala, que faz barulho), “pessoas” antes de serem mão-de-obra, “sensibilidade” à flor da pele, do osso e do músculo antes de serem “assalariados”, “criadores” antes de serem adeptos de ofícios e rotinas. Operários que se fazem intérpretes-criadores se agregam em cena para falar sobre essências e poéticas que habitam e co-habitam lugares e pessoas, nutridos-inspirados nas suas próprias experiências, descobertas e perdas enquanto homens e mulheres que se movem funcionalmente no cotidiano do trabalho, no dia-a-dia do bairro, da esquina e rua. O espetáculo “Dizeres Operários”, mais recente trabalho dos operários-dançarinos dirigido por Edileusa Inácio, é uma fala coletiva, um eco comum nascido de divisões e partilhas, de descobertas desenvolvidas através de jogos de contato-improvisação onde os intérpretes exercitaram sobretudo a escolha e a autonomia na dança, o conflito cênico e a verdade expressiva do gesto. Falar sobre o indizível em épocas de frases feitas, de palavras pré-meditadas e previsíveis é um exercício de soberania da arte, especificamente um ato de redenção do corpo. A abstração do movimento nos faz transcender para espaços além do imediatismo e do racional, e proporciona pela sua “intervenção estética” rompimentos com os dizeres impostos e padronizados pelo sistema capitalista. O contexto é de violência sonora, frases que invadem agressivamente os ouvidos e corpos do cidadão, tanto na capital como no interior. A ânsia é de falar o que precisa ser dito, de dizer o que nunca mais foi pronunciado, de escrever em parágrafos infinitas narrativas sem começo, meio e fim, somente metáforas, palavras-movimentos geradas por temas urbanos e interioranos. O espetáculo acontece a partir do diálogo entre os intérpretes que vivenciam em cena divisão de peso, acoplamentos, conduções e sustentações. Dialogar é o norte central, conversar corpo-a-corpo, escutas e pronunciamentos objetivos a cada novo instante, olhos focados na parceria e no espaço, dizer e contradizer de “corpo presente” contra qualquer possibilidade online. Desligar o MSN (por alguns instantes) e ligar-se ao outro na poética de uma possível sociabilidade: tribo ancestral. Atualmente o Núcleo de Dançarinos-operários é dirigido por Edileusa Inácio, pedagoga e professora de dança da Cia Balé Baião. Funciona duas vezes por semana dentro do horário de trabalho da própria empresa. A ESCOLA DE DANÇA E O BALÉ BAIÃO JOVEM
Desde 2005 a Cia Balé Baião abriu suas portas para formar adolescentes na área de dança cênica, priorizando sobretudo os jovens residentes na periferia da cidade que almejam estudar e aprofundar dança para serem multiplicadores junto a comunidade em que estão inseridos. O foco maior é desenvolver através de vivências técnicas e teóricas a dança da autonomia, onde o jovem seja criador e intérprete de sua dança particular e coletiva, protagonista de novas histórias através da construção de uma consciência cidadã, política e empreendedora, e de uma prática sócio-afetiva transformadora onde ética, respeito à diversidade e senso de colaboração são os alicerces pedagógicos. A partir dos princípios defendidos por Paulo Freire (pedagogia do oprimido) e Isabel Marques (dança contextual) a equipe de professores da escola de dança planeja e avalia sua atuação metodológica. A equipe é formada por pedagogos e educadores físicos que atua em sistema de rotatividade a partir de áreas-linguagens específicas a serem aprofundadas no mês. Semanalmente os jovens têm acesso a aulas práticas e teóricas de diversas técnicas e linguagens de dança, destacando as aulas de consciência corporal, danças tradicionais populares, hip hop, dança afro-brasileira, dança contemporânea, contato-improvisação, teatro físico, percussão corporal, performance, interferência urbana, vídeo-dança e composição coreográfica. A base de formação prioritária e permanente é a dança contemporânea, especificamente o contato-improvisação. De 2005 para 2011 são diversas os projetos e realizações da Escola Balé Baião que merecem destaque:
Projeção de ex-alunos do Balé Baião na área do ensino da dança no município de Itapipoca e região;
Atuação de alunos e ex-alunos do Balé Baião em diversos setores da sociedade, incluindo empresas, escolas públicas e particulares, dentre outros, não somente como artistas, também como lideranças de grupos;
Montagem e circulação de espetáculos de dança em espaços públicos, escolas, eventos municipais, manifestos e mostras.