A primeira festa de rodeio, formalizada, de que se tem notícia e registro, previamente organizada, com direito a propaganda e recinto “próprio”, ocorreu em Luz-MG, durante os dias 15 a 18 de Julho de 1943, tendo sua comissão organizadora sido formada pelo Cap. d’Oliveira Dú (Prefeito Municipal), Tonico Macedo e Pedro Paulinelli, além dos idealizadores Juca Carlos e Rodolfo Filho (Dolfinho). Confor
me deixou escrito o pesquisador e ex-prefeito luzense Tonico Macedo, esse Juca Carlos assistira a um “rodeio” (o que teria sido a “doma”) no sul do país, e contando a história aos luzenses, resolveram realizar juntos um “rodeio gaúcho” em Luz, onde havia animais de raça e bravios, criados pelos fortes fazendeiros do município. Não se teria prova documental dessa festividade não fosse a deferência a ela dispensada no artigo que comunicou o falecimento do presidente da festa e prefeito municipal, ocorrido na segunda-feira posterior ao evento. Assim noticiou o jornal “A Luz” (edição de 30.07.1943, ano XXI, nº. 795, p. 3): “A cidade ainda não se refizera das últimas impressões da véspera – das festas por que ele tão carinhosamente velara e que tanto quizera assistir.” E não se poderia afirmar, com plena convicção, que estas “festas da véspera” fossem o rodeio luzense, sem o agradecimento da família do pranteado extinto, por ocasião do “transe por que passaram”, especialmente a aqueles, que nela se empenharam (como se vê à página 4 da citada edição do periódico “luceatino”): “... à comissão do Grande Rodeio Gaúcho e aos piões, que deram insofismáveis provas de sentimento diante do infausto acontecimento... ”. Tal festa teve sua segunda realização nos dias 21 a 28 de Maio de 1944, sob a denominação de “Rodeio Luzense – Uma Semana dos Fazendeiros”, quando um folder, previamente confeccionado, circulou pela cidade convocando a população para o “interessante torneio”, com montarias, exposição de animais de raça e leilão de bovinos. Um exemplar original desse panfleto é cuidadosamente guardado pelo nosso amigo Geraldo Lamounier de Vasconcelos (Geraldo Boresca). Interessante, que dito documento não possui data completa, sendo omisso quanto ao ano. No entanto, consta naquele documento verde de mais de 58 anos que no domingo (28/05), a célebre festa foi encerrada com a inauguração do Campo de Aviação, cuja bênção solene foi oficiada pelo bispo diocesano Dom Manoel Nunes Coelho. E convidando o público para tal inauguração, o jornal do bispado dedicou boa parte da primeira página d’ “A Luz” no seu nº. 824, que circulou a 20.05.1944; restando, destarte, associado o ano à data dessa festa, tida como “inesquecível, por sua originalidade e por sua utilidade prática”, que contou com a bravura de peões, ainda lembrados com saudades, como Jaburu (homenageado pelo nome do Parque de Exposição de Luz), Irmãos Ferreira e Dolfinho, que animavam o público com “emocionantes e arriscados exercícios de montaria”. Como até então se tinha em mente e na mídia, a primeira festa de rodeio ocorrida no país teria sido realizada em Barretos, pelo Clube dos Independentes, no ano de 1956, sob o título de “Festa do Peão de Boiadeiro”. Pode até ter sido, mas com a denominação que se diz, porque a primeira festa de rodeio, formalizada, promovida em recinto apropriado numa cidade, foi a de Luz, no ano de 1943, sendo, pois, luzense “O Rodeio Pioneiro do Brasil”, como é o lema da Exposição Agropecuária. Com o passar dos tempos, e com a ebulição de Barretos, o rodeio primitivo, que quase não tinha regras (apenas valendo o tempo em que o peão conseguia ficar sobre o animal, o que já era um festejo e tanto, capaz de delirar a “platéia”), ganhou formas próprias, uniformizando-se mundialmente, à moda americana. O rodeio de Luz acompanhou essa evolução, contando com participação de cowboys profissionais, a partir da festa do seu cinqüentenário, em 1993, quando se modernizou o nome do evento, de exposição agropecuária para EXPOLUZ. Iácones Batista Vargas
Pesquisador Luzense e Bacharel em Direito