Sou paulistano, mas passei parte da infância em Joinville SC. Meus avós maternos e tios sempre viveram da terra, em um terreno de 3000 m, plantando e criando alguma vaca leiteira, porco, galinhas etc (vendendo leite e algum excedente para complementar a renda), e andando, caçando e pescando no meio do mato. Desde “piá” sempre fui curioso, traquina e adorava cuidar da criação, caçar, pescar e me embrenhar no mato. Sempre gostei de ajudar minhas tias a fazer jardins, plantar flores e buscar na mata “parasitas” (hoje sei que eram Oncidium, Cattleya forbesii, laelia purpurata) e bromélias para elas.
Em 1964 fui na “Festa das Flores” pela primeira vez. Me apaixonei pelas orquídeas pelas formas, cores e perfumes, em especial a Laelia purpurata (flor simbolo de Santa Catarina), Cattleya labiata e as famosas “Olho de Boneca” (Dendrobium nobiles) que eram plantadas em mourões de xaxim nas entradas das casas.
A vida seguiu, voltamos para São Paulo e “deixa a vida me levar..” (e o samba é outra de minhas paixões).
Um sonho que tinha era ter um lugar e fazer um orquidário. Em 2011 comecei a fase de comprar orquídeas... e tome a ver na internet e vou comprando.... Começo com um cantinho na empresa, que em pouco tempo já estava lotado, consequentemente algumas começaram a adoecer. Então comecei a pesquisar, procurar literatura, ver exposições etc para aprender omo cultivar.
Em 2012 eu e minha esposa compramos um terreno em Piracaia. Pronto, o lugar eu já tinha.
Fiz meu primeiro orquidário, de 3,60 x 6 m, altura de 2,80, coberto com plástico e tela branca. Lindo, e eu feliz da vida.
Nessas comecei a ler muito, consultar sites, entrar em grupos de orquídeas, ir a exposições e, claro, comprando tudo e de tudo quanto era orquídea, substrato, adubo, ferramentas e...... em 6 meses o orquidário ficou entulhado de plantas, consequentemente, novas doenças, plantas morrendo, florações fracas - estava cometendo um dos maiores erros: juntar plantas que tinham necessidades de iluminação, umidade, temperatura e ventilação diferentes em um mesmo local e com “cultivo” igual para todas.
Em 2013 fui no “Salão da Cattleya walkeriana” dos Wenzel. Ai foi a “perdição” e o início da paixão pelas espécies walkeriana e nobilior. Aliado a isso, depois de contato em grupos de internet, conheci pessoalmente o Fernando Terra, André e Alcides Cavasini, Henrique Conrado Neto e, claro, o Sr. Ewaldo, o Cesar e o Rafael Wenzel (afora outros amigos). O Fernando me convidou para a I Conferência da Cattleya nobilior e Cattleya walkeriana, que aconteceria em setembro de 2013, em Uberaba. E não é que eu fui?
Nessas eu fiz meu segundo orquidário, esse já bem maior: 6m x 9m, com pé direito de 3 m, mas sem cobertura de plástico. E acabei indo na Conferência dos Produtores e Colecionadores de Cattleya nobilior e Cattleya walkeriana. Fui, vi e me deslumbrei com as mais lindas plantas dessas espécies e, de quebra, acabei por fazer grandes e incríveis amigos. Foram quatro dias que nunca mais esquecerei. E foi aí que realmente comecei a cultivar e colecionar orquídeas. De lá para cá participei de todas as edições da “Conferência” e de muitas exposições. Adquiri muitas plantas de excelente qualidade, comecei a fazer meus próprios cruzamentos, adquirir seedlings de cruzamentos de grandes e excelentes produtores e .... o espaço foi apertando novamente.
A convite da Leili Odete Izumida fui assistir uma reunião a SBO - Sociedade Bandeirante de Orquídeas e me associei. Aí eu percebi o nível dos associados da SBO, com plantas maravilhosas e cultivo excepcional de orquídeas que nem imaginava que existiam: Hadrolaelia pumila, alaorii, jongheana, sincorana, Cattleya granulosa, amethystoglossa, harrisoniana, schilleriana, aclandiae, bicolor etc afora as espécies estrangeiras. Passei a participar de todas as reuniões, onde temos discussões de altíssimo nível sobre espécies, híbridos e sobre o cultivo. Aliado a tudo isso, fiz mais amigos sensacionais e fui aprendendo cada vez mais com eles: Daniel Neubauer, Claudio Camara Cunha, Priscila Fonseca, Poul Sorensen, Ralph Bruck, Carmem Maceira, Carmem Lucy, Renato Andres, Reinaldo Vicente, Zé Carlos Souza, Zé Roberto, Demosthene Temerloglou, Haide, Renato de Paula, Marcos Crisci, Dawsley DG, um time de primeira linha que tenho muito orgulho de participar - ah, antes que esqueça, não faço nada por fazer. Posso até não ser o melhor, mas que gosto de disputar “pau a pau”, ah, isso eu gosto. E o nível de cultura e conhecimento que encontrei na SBO (afora o clima cordial e as amizades) me motivam cada vez mais a aprender e melhorar o cultivo.
Bem, e o que tem essa “biografia” a ver com a “Odara Orchids”, você talvez pergunte?
“Odara LM” (LM de Luiz Mattos ou Luiz “Maloka”) é o nome clonal que dei para a minha Cattleya vinicolor que está na foto da página, um nome cujo significado você pode ler na foto.
No início de 2019 conclui meu terceiro orquidário (7m x 21m x 4m de pé direito e mais 1,80m de arco, coberto com filme difusor e sombrite, com bancadas), muito mais apropriado para um bom cultivo. Então, antes que esse também fique lotado, resolvi que chegou a hora de começar a comercializar as minhas plantas e ter algum retorno de todo esse investimento. Não posso ficar com todas elas - até porque eu fiz e continuo a fazer cruzamentos e as plantas crescem. Assim, tomei a decisão de “desapegar” do excedente, das plantas que tenho em duplicidade e passar elas para as mãos e cuidados de outras pessoas, que também terão a oportunidade de receber a beleza e alegrias que essas plantas deram a mim.
Espero que você também seja feliz com suas orquídeas.
Cultive orquídeas e plante amizades!