02/05/2024
PORTEIRO DO PUTEIRO - História Verídica”
Não havia pior emprego do que ‘porteiro da zona’, mas que outra coisa poderia fazer aquele pobre homem?
Nunca tinha aprendido a ler nem escrever, não tinha outra atividade ou ofício.
Depois de muito tempo trabalhando ali, eis que entra um novo gerente, jovem, cheio de ideias, criativo e empreendedor. Claro que modernizou o lugar e chamou os funcionários para novas instruções.
Ao porteiro disse:
- A partir de hoje, o senhor, além de f**ar na portaria, vai preparar um relatório semanal com quantidades de clientes, comentários e reclamações.
- Eu adoraria senhor, balbuciou – Mas eu não sei ler nem escrever.
- Ah! Quanto eu sinto! Mas assim não poderá seguir trabalhando aqui.
- Mas senhor, eu trabalhei aqui minha vida inteira, não sei fazer outra coisa.
- Compreendo, mas não posso mantê-lo. Não vou prejudicá-lo, pagaremos uma boa indenização, espero que encontre algo e que tenha sorte.
O porteiro sentiu como se o mundo desmoronasse. Que fazer?
Lembrou que ele arrumava as coisas que quebravam ali, sempre com cuidado e carinho, então pensou que poderia ser uma boa ocupação até conseguir um emprego.
Como não tinha ferramentas suficientes, usaria o dinheiro da indenização para comprar uma caixa de ferramentas completa.
No povoado não tinha casa de ferragens, precisaria viajar dois dias, em uma mula, para ir ao povoado que tinha venda de ferramentas e assim fez.
No seu regresso, um vizinho bateu à sua porta:
- Venho perguntar se você tem um martelo para me emprestar.
- Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele para trabalhar…
- Bom, eu o devolverei amanhã bem cedo.
- Se é assim, está bem.
Na manhã seguinte, o vizinho bateu à porta e disse:
- Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque você não o vende para mim?
- Não, eu preciso dele para trabalhar e além do mais, a casa de ferragens mais próxima está a dois dias.
- Façamos um trato – disse o vizinho.
Eu pagarei os dias de ida e volta, mais o preço do martelo, já que você está sem trabalho no momento. Que lhe parece?
Realmente, isto lhe daria trabalho por mais dois dias. Aceitou.
Voltou a montar na sua mula e viajou.
No seu regresso, outro vizinho o esperava na porta de sua casa.
- Olá, vizinho. Você vendeu um martelo a nosso amigo.
Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a pagar-lhe seus dias de viagem, mais um pequeno lucro para que você as compre para mim, pois não disponho de tempo para viajar para fazer compras.
Que lhe parece?
O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e seu vizinho escolheu um alicate, uma chave de fenda, um martelo e uma talhadeira. Pagou e foi embora. E nosso amigo guardou as palavras que escutara: ‘não disponho de tempo para viajar para fazer compras’.
Se isto fosse certo, muita gente poderia necessitar que ele viajasse para trazer as ferramentas.
Na viagem seguinte, arriscou trazendo mais ferramentas do que havia vendido.
A notícia começou a se espalhar pelo povoado e muitos faziam encomendas.
Agora, como vendedor de ferramentas, uma vez por semana viajava e trazia o que precisavam seus clientes.
Com o tempo, alugou um galpão para estoque e alguns meses depois, comprou uma vitrine e balcão e transformou o galpão na primeira loja de ferragens daqueles povoados.
Todos estavam contentes e compravam dele e os fabricantes lhe enviavam os pedidos, sem necessidade dele viajar.
Com o tempo, as pessoas dos povoados vizinhos, também vinham comprar na sua loja.
Um dia ele lembrou de um amigo seu que era torneiro e ferreiro e pensou que este poderia fabricar as ferramentas pra ele, primeiro as cabeças dos martelos e logo as chaves de fendas, os alicates, as talhadeiras, depois os pregos e parafusos…
Em poucos anos, ele se transformou em um rico e próspero comerciante e fabricante de ferramentas.
Um dia, decidiu doar uma escola ao povoado. Ali as crianças aprenderiam, além de ler e escrever, algum ofício.
Na inauguração, o prefeito lhe entregou as chaves da cidade, o abraçou e disse:
- É com grande orgulho e gratidão que lhe pedimos que nos conceda a honra de colocar a sua assinatura na primeira página do livro de atas desta nova escola.
- A honra seria minha, disse o homem, teria o maior prazer em assinar o livro, mas eu não sei ler nem escrever.
- O Senhor? disse incrédulo o prefeito. Construiu um império industrial sem saber ler nem escrever? Estou abismado. O que teria sido então do senhor, se soubesse ler e escrever?
- Isso eu posso responder, disse o homem com toda a calma: – Ainda seria o PORTEIRO DO PUTEIRO.
Então diga seu nome para que possamos escrever ao menos na ata. Meu nome é Valentin Tramontina, respondeu ele.
Essa história refere-se ao grande industrial Valentin Tramontina, fundador das Indústrias Tramontina, que hoje tem 10 fábricas, 5.500 empregados, produz 24 milhões de unidades variadas por mês e exporta com marca própria para mais de 120 países – é a única empresa genuinamente brasileira nessa condição.
A cidadezinha citada é Carlos Barbosa, f**a no interior do Rio Grande do Sul.
As adversidades podem ser bênçãos pois toda crise traz consigo oportunidades.
Agradeça sempre a Deus por sua vida, pelas mudanças, pelas novas oportunidades que as dificuldades trazem e faça seu melhor sempre!!!!