13/08/2022
Não é apenas um carro antigo, é uma história completa, é uma paixão, uma realização. Confira a história desse Chevrolet 1938 que estará presente no 7º Tatuí Classic Car pelas próprias palavras do seu colecionador:
"Sou José Luiz M. Dias, trabalhei 25 anos na VW, 10 anos na Scania e 7 anos Concessionária VW Caminhões, sempre na área de vendas, atualmente resido em São Bernardo do Campo.
Encaminho relato sobre o CHEVROLET MASTER COACH 1938, atualmente comigo
Nesse ano, a Chevrolet produziu no mundo todo apenas 1300 Master Coach entre 2 e 4 portas, 2 portas conheço um em BH e um 4 Portas aqui em SP.
Conheço esse Chevrolet desde inicio de 1960, na cidade de Tatuí, local que na época ia sempre com meu ai, e naquela época tudo em havia um barde de esquina na praça central, chamado "Bar dos 80" onde qualquer informação sobre alguém da cidade era lá que se conseguia.
Enquanto meu pai conversava com as pessoas, eu ficava na praça, como sempre gostei de automóveis americanos das décadas de 30 e 40, eram esses carros que chamavam minha atenção, e lá sempre que ia, via um Chevrolet Master Coach 1938, na cor preta, já desbotando, sem calotas, sempre empoeirado, mas apesar da minha idade, 9 anos, via que ira bem alinhado, sem ferrugem, danos nas latarias, mas nunca vi o dono e nem ele funcionando. o que me marcou nele, foi o tipo de carroceria, 2 portas, sem porta malas, estepe exposto na traseira e apenas um farol de neblina no para-choque dianteiro, eram comuns os Chevrolet 1937, 1838 com porta malas.
O tempo passou, me esqueci do carro, em 1972 vim de Sorocaba, onde sou natural, para São Paulo, fui trabalhar na Volkswagen, outras prioridades da vida me fizeram adiar a compra de um auto antigo.
Na Volkswagen, era responsável por vendas de veículos a Órgãos Públicos, por força disse, por volta de 1983, encontrei na Divisão de Transportes da Policia Civil, Dr Alvaro L. Franco Pinto, Diretor da Divisão, também Sorocabano que já o conhecia de vista, ´pois aos fins de semana circulava ele com um Hudson 51 e um Jaguar 49, ambos pretos.
Me apresentei, disse de como me recordava-se dele, e perguntei se ainda tinha os dois automóveis, disse que sim, e a coleção já contava dom aproximadamente 47 veículos com predominância da marca Ford, a minha preferia, e mais 28 do irmão dele, o Desembargador Dr Cesar Augusto L. Franco Pinto, este com maioria Chevrolets. Ele me convida quando estiver em Sorocaba, visitá-lo e conhecer seus carros, ja que uma vez por mês ia até lá.
E na primeira oportunidade, fui até seu barracão, onde ele me mostrou os carros dele e os do seu irmão, que o conhecia só de nome.
Em paralelo a esse prédio, na época havia uma cobertura rustica em todo o comprimento do terreno, onde estava vários carros, notava-se que estacionados há anos, pelo estado de poeira, para servirem de doadores de peças paras os reformado/restaurados, a maioria dos anos 50, colocados um na frente e outro atrás, e comecei a examinar cada um deles, eis que atrás de Oldsmobile 39, vi pelo lado esquerdo, um Chevrolet 38, fui ate ele, vi que tratava-se de um Master Coach, este com calotas do ano 35, pensei parecido com o de Tatuí, com o dedo limpei um pedaço da carroceria para ver a cor, o corpo era azul e para-lamas pretos, dei a volta, vi um farol de neblina a frente, limpei um pedaço do vidro, estofamento igual ao que conhecia, quando vejo a placa, ainda antiga na cor laranja com 7 números, e a localidade TATUI, pensei: - é o mesmo carro!!!
Perguntei ao Dr Alvaro se o irmão dele venderia, disse que não e tudo bem... O tempo passou, por volta de 1993, já tinha um Ford 53, um Bel Air 51, ambos impecáveis, eis que o Dr Cesar me pede para conseguir para ele um Voyage da frota da VW, o que consegui e comecei a me aproximara dele, perguntei mais uma vez se venderia o Chevrolet, não, disse que era um carro de pouco uso, muito justo, não acharia outro igual.
Mais uma vez o tempo passou, e Dr Cesar, havia feito um barracão só para seus, e lá estava o Chevrolet agora lavado, mas nunca do funcionaram o carro, foi então que pedi ao Dr Cesar sobre a possibilidade de fazer funcioná-lo, o que ele permitiu, em ato continuo empurrei o carro para um elevador, abri o dreno do carter, porém era tão velho, que nao escorria, tive que furar pelo dreno a cama de óleo sedimentada no carter, tirei as velas do motor, coloquei querosene , com uma manivela, girei o virabrequim, via que o motor não estava travado.
Semana seguinte, levei junta de carter, tirei ele e limpei, recoloquei, coloquei novas velas, limpei o carburador, mas via que era muito danificado, poderia ter problemas, como eu tinha alguns carburadores Carter W-1, dei um para o carro. Enchi a cuba do carburador de gasolina, liguei num galão gasolina nova, revisei a bomba de combustível, bateria nova e dei partida, pegou na hora, dessa forma fomos um posto para regular aos pneus, já velhos ressecados, prestes a estourar.
Assim chegamos ao ano de 2000, a saúde do Dr Cesar estava bem grave, e ele resolveu vender seus carros, já que os familiares não tinham interesse, naquele momento eu não tinha recursos para comprar mais um carro, pois além de star construindo minha atual residência, tinha acabado de comprar um Mercury 41, comigo até hoje.
O Dr Alvaro ficou com o carro, nesse período me afastei dele, e em outubro de 2010, fui convidado para ir ao aniversário de 80 anos do Og Pozzoli, marquei com um grupo de encontrar numa oficia na Barra Funda, aqui em SP, chegando la, vejo um grupo em torno de um Chevrolet 38, o qual era, o Chevrolet de Tatuí, todos fascinados pelo carro, perguntei em havia levado aquele carro ate lá já que era de Sorocaba, me disseram de foi um delegado, de Cotia.
Chegamos a 19 de novembro de 2013, como me dedico diariamente um tempo para pesquisar sobre autos americanos antigos, entrei no site Webmotors, selecionei veículos com anos entre 1930/1950, qual foi o primeiro veículo que apareceu, uma foto traseira de um Chevrolet Master Coach 1938, pensei e o de Tatuí, não tem outro, a foto da frente confirmou o carro.
Liguei ao proprietário e marquei de ir ver o carro, no dia 22 a tarde, chegando lá vistoriei o carro, já com pneus de camionetes, não funcionava, sem bateria, e sujo. Depois de muito conversar com o proprietário já que tínhamos vários amigos em comum, ao fim do dia, perguntei se havia algum interessado no carro, disse-me que havia uma mulher.
Diante disso disse-lhe que iria apensar e na segunda feira voltaria procurá-lo, caso a interessada efetivasse a compra, não haveria problema. Na segunda-feira, não fui, acabei indo na quarta-feira.
Lá por volta das 14:00h, recomeçamos uma interminável conversa, chegamos as 18:00h, ai que falamos do carro, tentei negociar o preço apesar de muito interessante, não houve redução, mas mesmo assim disse que ficaria com o carro, ele pede meus dados vira-se para o computador e começa a fazer um termo de compra e venda, ai eu disse-lhe: "-Mas Dr ainda não terminei minhas condições.
Ele: -Quais são?
Eu: -Cinco parcelas!
Ele: -Tudo bem!
Pronto, ele assina o termo e me passa para assinar.
Eu: -Dr., só tenho três folhas de cheques, faço os três, e amanhã um motoboy trará os demais. OK? Ainda tem mais uma questão Dr, só posso retirar o carro em março de 2014, se aparecer com isso em casa, vai dar confusão!
Ele: -Sem problemas, se quiser revisar o carro na chácara, onde estava o carro é só me avisar que falo com a segurança." Disse que não iria fazer isso.
Quando foi em março, retirei o carro, segunda feira de carnaval, lavei, limpei carburador, regulei freio, troquei de óleo, na terça fui com a família almoçar em SP com ele.
Em 2019, em SP, um motoqueiro bateu no para-lama dianteiro esquerdo, na funilaria, me convenceram a pintar o carro todo, já que a lataria era alinha e sem ferrugens, fiz, e ficou com a atual aparência e eu pintei os filetes brancos obedecendo o padrão da linha de montagem que vi por fotos da GM.
Esse foi o relato do José, agora venha ver de perto essa raridade dias 20 e 21 no Centro Hípico De Tatuí