Casa das Artes de Arcos Valdevez
A actual Casa das Artes é, na sua origem, um edifício setecentista, classificado em 1982 como Imóvel de Interesse Público, e conhecido como "Casa do Terreiro" ou do "Conselheiro", ocupando uma área espacial fronteira ao Jardim dos Centenários, entre as igrejas Matriz e do Espírito Santo.
A sua construção situa-se na segunda metade do século XVIII por iniciativa da família Pereira de Vilhena, que em 1810 entrega o imóvel ao "Conselheiro" Gaspar de Azevedo Araújo. Posteriormente a casa é vendida ao industrial António Dias Gonçalves.
Tipologicamente encontramos um espaço arquitectónico integrado na denominada "casa-comprida", de planta rectangular, onde se destaca uma fachada posterior de três pisos, originalmente com ligação directa ao Rio Vez. O primeiro piso possuía arcada, o segundo uma loggia com colunas sob plinto, posteriormente fechada para criação de um jardim de Inverno. Ao nível do andar nobre destaca-se a magnifica clarabóia e os cinco salões decorados com pintura em tela e cuidado trabalho em estuque. Com orientação a Nascente surge a capela e o seu retábulo em talha "Barroco", bem como a área da cozinha, com larga chaminé assente em pilares.
O frontispício, de dois pisos, apresenta-se dividido em três corpos, assinalando a entrada nobre. O elemento brasonado aí existente substitui, provavelmente, um elemento idêntico pertencente à família fundadora da casa.
A intervenção desenvolvida no espaço da Casa das Artes Concelhia assentou na recuperação do edifício do século XVIII, prevendo a instalação de um espaço cultural integrando uma biblioteca, um auditório e uma área de exposições.
Neste sentido, a aposta municipal centra-se no alargamento e dotação de espaços eminentemente culturais. As infra-estruturas e os equipamentos do edifício permitirão o desenvolvimento de novas modalidades ligadas à produção cultural e artística nas suas diversas componentes temáticas: cinema, música, artes plásticas, teatro, entre outras, apoiando a criação e produção cultural, motivando e promovendo acontecimentos locais, de outra forma irrealizáveis. O desenvolvimento deste projecto e a lógica de organização de manifestações culturais, centra-se na concretização de iniciativas diversificadas, tentando captar diferentes grupos etários, de públicos e de culturas, estimulando, de igual modo, a fixação de população e a valorização do património cultural.
O espaço de intervenção da casa compreende uma unidade moderna e funcional, integrando o espaço da Biblioteca Municpal Tomaz de Figueiredo, inserido na Rede Nacional de Leitura Pública, bem como zonas especificas dedicadas a actividades formativas infantis e juvenis, atelier de expressão, zona de depósito e conservação de documentos, áreas de consulta e empréstimo, e secção de difusão audiovisual.
Em conexão, mas com possibilidade de operar autonomamente, encontramos o espaço do Auditório, com 234 lugares, integrando um Foyer com zona de exposições temporárias e diversas unidades de apoio.
A capacidade e características do espaço principal são significativas: a unidade de projecção cinematográfica, por exemplo, inclui equipamentos de elevada qualidade, adaptáveis a diversos formatos, com elementos de processamento sonoro da última geração com capacidade de descodificação de sinais digitais. Este equipamento é reforçado por elementos complementares de som de palco e iluminação para apresentações teatrais e/ou performances de média dimensão, bem como para desenvolvimento de conferências, com possibilidade de tradução simultânea, sistema de voto e apresentação multimédia. Do ponto de vista da intervenção arquitectónica, foi estabelecido um programa valorativo do contexto histórico, salvaguardando os elementos de maior valia, integrando-os num novo espaço de funcionalidade e objectivos marcadamente diferenciados do imóvel primitivo. Neste âmbito cabe uma referência especial a reabilitação do riquíssimo conjunto de tectos decorados, em tela, e da singular clarabóia central. O plano arquitectónico permitiu, de igual modo, o redimensionamento da fachada Nascente, com a valorização do conjunto de arcos e colunatas, criando uma atmosfera harmoniosa e complementar com um elemento integralmente novo: o Auditório.