04/02/2022
Por amor e com amor partilho...obrigada
Em breve, nas livrarias.
RASGAR SILÊNCIOS, porquê?
Sou filha de pais surdos, CODA (Children Of Deaf Adults) e tenho como língua materna a Língua Gestual Portuguesa. Nesta circunstância familiar e na faixa etária de criança cresci no friso cronológico dos anos 60-70, em que a Língua Gestual era vista como “envergonhada”, pouco assumida e institucionalmente não aceite. À época, era os ouvidos dos surdos, de uma forma não formal: representava-os nos tribunais e na polícia, para explicar ao Juiz ou a outra entidade oficial o que o surdo tinha a dizer sobre o “assunto em causa”. A infância galopou sobre mim e por isso não vivi, nos seus parâmetros ditos normais, esta etapa de vida. Aos 11 anos sabia mais de tribunais, advogados e juízes do que brincar ao esconde-esconde. Ainda hoje, frases como “Vais com o teu irmão, para tomar conta de ti” arrepiam-me. Em 2018, por necessidade de arrumar o passado, denunciar vilões, fazer sentir que a História existe e contribuir para que se evitem os mesmos erros do passado, assumi a escrita do livro "Rasgar Silêncios".
Amélia Amil