26/10/2024
Se o teu filho virou um copo de água ou de vinho na toalha nova, não o castigues.
Se o teu filho se sujou com o gelado ou com o bolo, não o humilhes.
Se o teu filho não deu um beijinho ou um abracinho a um estranho que é teu amigo, não o envergonhes.
Se o teu filho não disse a palavra que tu querias que ele dissesse no momento em que tu querias que ele a dissesse, não o culpes.
Se o teu filho não pinta sempre direitinho por dentro das linhas do desenho, não o punas.
Se o teu filho se enganou no trabalho de casa, não o penalizes.
Se a letra do teu filho não é bonitinha, desenhadinha, não o espezinhes.
A criança que ensinas hoje a temer o erro, o lado imperfeito de que é feito, é o adulto que amanhã ficará em pânico se não conseguir ser perfeitinho, direitinho, imaculadinho.
A criança que ensinas hoje a temer o erro, o lado imperfeito de que é feito, é o adulto que amanhã não arriscará, não se aventurará, não tentará novas soluções, novos caminhos. Será a criança em pânico sempre que falhar, sempre que fugir da norma, será a criança com medo, medo absoluto, de arriscar a criatividade, o sonho — a felicidade, enfim.
A criança que ensinas hoje a temer o erro, o lado imperfeito do que é, é o adulto que quase todos somos, espartilhados por essa educação que nos comprimiu, que nos asfixiou, que nos impediu de integrar o erro como parte de nós. Não coloques um estigma, um carimbo mortal, fatal, doloroso, sobre o imperfeito. Não, não, não: a imperfeição não é uma vergonha.
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