08/07/2024
Home, sweet home…
Aos amigos, clientes e seguidores:
Vimos comunicar-vos uma decisão difícil que já andávamos a adiar desde há algumas semanas e que já se tornou óbvia para quem nos acompanha mais de perto. É sabido que o atual cenário de pandemia provocado pelo COVID-19, vivenciado há cerca de sete meses, colocou e continua a colocar em causa a existência de certos negócios. É precisamente o nosso caso!
Estamos encerrados desde o dia 12 de março, altura em que tínhamos previsto organizar a festa do ano, o St. Patricks Day. Pior que este interregno, é não ter perspetivas de poder vir a funcionar próximo da normalidade, pelo menos, nos próximos seis meses. É também possível perceber que, caso se confirme a segunda vaga da pandemia e eventualmente uma terceira mais adiante, pertencemos a um setor mal-amado, que é o mais fácil de desativar num estalar de dedos por parte do nosso governo, sem apoios, sem flexibilidade, sem qualquer tipo de descriminação positiva em relação a outros setores já sem restrições.
Para trás, marcaram-nos cinco anos bem intensos, onde sempre nos deparámos com inúmeras dificuldades e desafios acrescidos. Sempre fomos resistindo a tudo com algum brio. Desde início, lutámos contra a nossa localização e acessibilidade, pelo espaço reduzido, pela limitação de horários, por um incêndio, pela vizinhança (aliás, a vizinha), por inúmeros autos levantados pela PSP, verões árduos pela ausência de esplanada e, pela desconsideração sucessiva do poder local e por tudo o que representámos. Assistimos a um pouco de tudo, mas estávamos longe de imaginar que seria um Morcego algures na China, o principal causador da instabilidade do nosso negócio.
Ao longo deste período, fomos percebendo que tínhamos cada vez menos condições e razões de ser. A solução mais recentemente proposta pelo nosso governo para o setor dos bares/pubs é inviável na sua plenitude, chegando mesmo a ser ridícula. O nosso negócio vive precisamente de ajuntamentos sociais e se não tivermos capacidade de assegurar isto, perdemos a essência e o nosso conceito f**a seriamente ameaçado. Vivemos de abraços, brindes, celebrações de momentos, eventos, noites quentes e lotadas no Inverno, de festas e música ao vivo. Tornamo-nos o ponto de encontro caloroso de todos os estrangeiros que chegavam à cidade e a nossa humilde condição é estar cheio de pessoas como vocês no curto período nocturno em que laborávamos.
Percebemos que a cerveja, é afinal secundária e um mero argumento/pretexto para que tudo o resto se desenrole. Registamos um total de 198.958 cervejas vendidas. Não sendo cervejas quaisquer, num local singular como a Covilhã, é um valor que consideramos astronómico e, por esta razão, queremos agradecer a todos os que para isso contribuíram.
Ficam também registados todos os eventos e concertos que organizámos, contribuindo largamente para a formação de cultura alternativa desta cidade. Foram inúmeros, sempre com a preocupação que estaríamos a apresentar algo novo aos covilhanenses, turistas, visitantes e estudantes. Fazendo uma pequena retrospetiva, organizámos sessões de Irish Folk, Flamenco, Tango argentino, música cubana, chill out e muito rock and roll. Recebemos artistas do Brasil, EUA, Argentina, Canadá, Ucrânia, Letónia, Bielorrússia, Austrália (Tasmânia), Espanha, Irlanda, País de Gales, Cuba e México. Outros tantos estariam por vir, mas devido ao momento, tiveram de ser cancelados.
Contudo, tudo isto valeu principalmente pelo convívio, pela descompressão pelas pessoas que se conheceram, pelas amizades criadas, pelas inúmeras pessoas que nos dizem que aqui têm as melhores recordações da cidade e até os relacionamentos gerados. Voltaríamos a fazer tudo da mesma maneira. Não nos desviamos um centímetro daquilo que idealizámos. Fomos totalmente fiéis ao nosso conceito inicial. Aliás, tivemos sempre o que esperámos, rodeámo-nos das pessoas e dos clientes certos, o que fez com que dia após dia, fizéssemos valer o nosso conceito e a nossa visão para a cidade. Ou era assim, ou saíamos fora, porque não estaríamos para fazer uma coisa que não nos desse prazer.
E assim nos dirigimos a vocês, para vos transmitir que chegou ao fim este nosso projeto tal qual como o conheceram. Pode parecer uma decisão precipitada, sobretudo pelo que já se venceu em relação a esta pandemia, mas esta está tomada desde há umas semanas e de certa forma, mantida em segredo!
Para finalizar, dizer-vos que contamos em breve poder reabrir num outro local, com melhores condições, e assim que esta pandemia der sinais de estabilização, pois não nos vemos a fazer e a trabalhar pela metade. Garantimos que a génese e conceito se manterão e um North Walls 2.0 renovado surgirá um dia, bem no coração desta cidade.
Foi um prazer! Cheers!
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